17 de jul. de 2005

Vingança é um prato que se come frio

Quem pensou que eu ia falar do Flamengo, embora devesse, está redondamente enganado...
Essa é uma história de vingança fria e longamente saboreada, após quase 30 anos passados da "afronta".
1975. Eu tinha acabado de ganhar de presente do meu muito amado primo Francisco, a quem devo cerca de 60% da minha cultura pop e musical, em especial no quesito ROCK, aquele que até hoje é um dos meus álbuns favoritos, se não for "O".
Sabe aquelas coisas que você gosta de ouvir no último furo e ainda canta junto aos berros, volta algumas músicas várias vezes até alguém implorar pra que você mude o disco? Foi assim que o LP(ahahahahah...) Fruto Proibido da Rita Lee & Tutti Frutti entrou pelos meus ouvidos, veias, tripas, poros, ossos , enfim me chapou o côco e chapa até hoje.
Eu, que já adorava os Mutantes, fiquei alucinada com aquele som, aquela sonoridade única, que na minha humilde opinião, titia Rita nunca mais conseguiu igualar, embora eu até ache legal alguns trabalhos posteriores.
Bom. Nessa época, essa que vos escreve já se achava muita coisa mesmo tendo apenas, por algum terrível equívoco da natureza, 10/11 anos .
Um belo dia, meu lindo primo chega em casa falando que a Rita Lee ia fazer show no Mourisco( no ginásio do Botafogo) e que tinha comprado ingressos pra me levar. Aí deu merda.
Minha mãe(megera!) surgida do nada , interveio com um categórico "nãodejeitonenhumvocêémaluco",e eu, nesse momento como toda e qualquer menina de 10 anos, abri o berreiro,esperneei, mas não houve santo que fizesse a implacável D.Glorinha mudar de idéia.
Minha prima Márcia que já "tinha idade" pra entrar no show acabou ganhando o ingresso e o meu ódio por alguns minutos, e tudo o que me restou foi ir pra cama mais cedo pra chorar à vontade sem ninguém me encher o saco.
Putaqparil... foi um show antológico, e eu não estava lá pra fazer parte da história...por esse aspecto eu não me conformo até hoje.
Porém....Ah, porém....
2000. Agora eu é que sou mãe de uma pentelha de 10 anos e vovó Rita vai fazer um show em comemoração seiládiquê no Parque do Ibirapuera.
"Vamulá, Marina! Vai ser um puta show". Na época ela tinha ressucitado Erva Venenosa, do finado Herva Doce , e a Marina adorava, vivia cantando " venenosa êêêêê..."
Na verdade, não foi apenas um puta show: foi um show do caralho!!!!
Rita Lee cheia de gás como nos velhos tempos , botou pra fuder, mesmo com uma banda que não chega no chulé do Tutti-Frutti.
Dançamos e cantamos histéricamente e quando ela começou a abrir o baú, enlouqueci de vez.
Primeiro pela emoção de ouvir a soundtrack da minha vida ali pulando ao lado da minha filha.
E segundo porquê...eu estava finalmente VINGADAAAAAAAAA!!!PUTAQPARIU!!!
Eu berrava e chorava: "eu hoje represento a loucura...mais o que você quiser...."
O maior pesadelo da minha mãe estava consumado: a filha e agora a neta dançando no meio daquela turba de maconheiros e afins - minha mãe sempre teve pavor desse negócio de "tóchico".
Chegamos em casa ilesas mas abolutamente exaustas,o que não me impediu de fazer um interurbano, só por desaforo, e comunicar a "megera" da minha façanha.
"Mas você é doida mesmo..." ela se resignou a responder.
"Pois é, agora eu empatei"...
"Empatou?...O que? Ai...não acredito, você não esqueceu ainda essa história?"
Na verdade não, mas não tinha mais importância.
Um belo dia resolvi mudar, e fazer tudo o que eu queria fazer.
E a justiça finalmente foi feita. E saboreada.

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sei que eu nasci pra saber...saber o que?

:-)

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